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video sobre poesia lírica de camões .
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Poesia Lírica
Poesia Lírica- parte I
GÊNERO LÍRICO
A primeira percepção que temos da poesia lírica (ou simplesmente poesia, como hoje a chamamos) diz respeito ao aspecto que ela, em geral, se apresenta: o verso. Em princípio, verso é cada uma das linhas que compõem o texto poético. Tomemos como exemplo um verso de Olavo Bilac:
Primavera. Um sorriso aberto em tudo. Os ramos
A disposição tipográfica já indica que o verso é comparativamente mais breve que um texto em prosa. (Prosa, por seu turno, é toda e qualquer frase, um conjunto de frases ou texto de extensão indeterminada que não possua nem métrica nem rima. Prosa, portanto, é quase toda a linguagem escrita.)
Esta unidade ordenada em sons, ritmo e sentido de um verso, por mais bela que seja, parece não estar completa em si própria, exigindo uma continuação correspondente. Uma seqüência no pensamento e uma repetição no ritmo. Forma-se então a estrofe – que é um grupo de versos – freqüentemente repetida até o fim do poema.
GÊNERO LÍRICO
A primeira percepção que temos da poesia lírica (ou simplesmente poesia, como hoje a chamamos) diz respeito ao aspecto que ela, em geral, se apresenta: o verso. Em princípio, verso é cada uma das linhas que compõem o texto poético. Tomemos como exemplo um verso de Olavo Bilac:
Primavera. Um sorriso aberto em tudo. Os ramos
A disposição tipográfica já indica que o verso é comparativamente mais breve que um texto em prosa. (Prosa, por seu turno, é toda e qualquer frase, um conjunto de frases ou texto de extensão indeterminada que não possua nem métrica nem rima. Prosa, portanto, é quase toda a linguagem escrita.)
Esta unidade ordenada em sons, ritmo e sentido de um verso, por mais bela que seja, parece não estar completa em si própria, exigindo uma continuação correspondente. Uma seqüência no pensamento e uma repetição no ritmo. Forma-se então a estrofe – que é um grupo de versos – freqüentemente repetida até o fim do poema.
Leitura
I
Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
II
Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no Céu eternamente
e viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
alguma cousa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,
roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.
Observação: O soneto acima tem sido freqüentemente interpretado como um soneto autobiográfico, dedicado a Dinamene, a namorada chinesa morta em um naufrágio.
Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
II
Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no Céu eternamente
e viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
alguma cousa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,
roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.
Observação: O soneto acima tem sido freqüentemente interpretado como um soneto autobiográfico, dedicado a Dinamene, a namorada chinesa morta em um naufrágio.
Cantigas em medida nova
Cantiga
Luís de Camões
A este mote alheio:
Menina dos olhos verdes,
por que me não vedes?
Voltas
Eles verdes são,
e têm por usança
na cor, esperançae
nas obras, não.
Vossa condição
não é d’olhos verdes,
porque me não vedes.
(..........................)
Haviam de ser,
por que possa vê-los
que uns olhos tão belos
não se hão de esconder;
mas fazeis-me crer
que já não são verdes,
porque me não vedes.
Verdes não o são
no que alcanço deles;
verdes são aqueles
que esperança dão,
Se na condiçãoestá serem verdes
por que me não vedes?
Luís de Camões
A este mote alheio:
Menina dos olhos verdes,
por que me não vedes?
Voltas
Eles verdes são,
e têm por usança
na cor, esperançae
nas obras, não.
Vossa condição
não é d’olhos verdes,
porque me não vedes.
(..........................)
Haviam de ser,
por que possa vê-los
que uns olhos tão belos
não se hão de esconder;
mas fazeis-me crer
que já não são verdes,
porque me não vedes.
Verdes não o são
no que alcanço deles;
verdes são aqueles
que esperança dão,
Se na condiçãoestá serem verdes
por que me não vedes?
medida velha e medida nova
medida velha
versos redondilhos maiores (sete sílabas) e menores (cinco sílabas)
medida nova
versos decassílabos
Como Sá de Miranda, Camões também cultivou as duas tendências presentes do século XVI: a forma poética tradicional, chamado então de medida velha (versos rendondilhos maiores e menores) e a tendência
trazida da Itália, a medida nova (versos decassílabos heróicos e sáficos). Sua obra pode ser considerada uma síntese entre a tradição portuguesa e as inovações renascentistas.
Em suas rendondilhas, Camões dá continuidade à poesia medieval.Com ele, a tradição poética eleva-se a um nível nunca alcançado pelos autores do Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende.
versos redondilhos maiores (sete sílabas) e menores (cinco sílabas)
medida nova
versos decassílabos
Como Sá de Miranda, Camões também cultivou as duas tendências presentes do século XVI: a forma poética tradicional, chamado então de medida velha (versos rendondilhos maiores e menores) e a tendência
trazida da Itália, a medida nova (versos decassílabos heróicos e sáficos). Sua obra pode ser considerada uma síntese entre a tradição portuguesa e as inovações renascentistas.
Em suas rendondilhas, Camões dá continuidade à poesia medieval.Com ele, a tradição poética eleva-se a um nível nunca alcançado pelos autores do Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende.
Camões Lírico
Considerado o maior poeta português antes de Fernando Pessoa, Camões foi notável pelo seu poder de síntese, pela diversidade ao registrar os eventos, pela sua fluência e pela capacidade de adequar, de forma exata, seus pensamento. Ele escreveu seguindo dois padrões: “a medida velha”, acompanhando a escola tradicional das redondilhas maiores e menores e “a medida nova”, segundo os padrões clássicos, mais notadamente no destaque aos sonetos. Muitas vezes o poeta vale-se de um certo humor brando, fazendo fluir seus próprios pensamentos e sentimentos. Outras, Camões brinca com o paradoxo e imprime velocidade às suas imagens. O poeta articula sua longa e variada experiência em termos filosóficos e religiosos correntes da época. Por isso, a lírica de Camões apresenta duas tensões básicas: o Amor e o desconcerto do mundo. O amor camoniano é apoiado pelo interesse do poeta ao movimento neoplatonismo (“corrente doutrinária que se caracterizava pelas teses da absoluta transcendência do ser divino, da emanação e do retorno do mundo a Deus pela interiorização progressiva do homem”), como faria qualquer outro cristão culto do seu tempo.Já o desconcerto do mundo é o desajuste entre as exigências íntimas da vida pessoal do poeta e suas condições para satisfazê-las. O mundo se lhe aparece desconcertado, como se estivesse destinado à confusão e à irracionalidade. Para Camões o problema central não é a injustiça social, mas a relação de não conformidade com os anseios, os valores, as razões e a realidade da vida social e da material. O progresso na Terra está ausente na lira de Camões.
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