segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Camões Lírico
Considerado o maior poeta português antes de Fernando Pessoa, Camões foi notável pelo seu poder de síntese, pela diversidade ao registrar os eventos, pela sua fluência e pela capacidade de adequar, de forma exata, seus pensamento. Ele escreveu seguindo dois padrões: “a medida velha”, acompanhando a escola tradicional das redondilhas maiores e menores e “a medida nova”, segundo os padrões clássicos, mais notadamente no destaque aos sonetos. Muitas vezes o poeta vale-se de um certo humor brando, fazendo fluir seus próprios pensamentos e sentimentos. Outras, Camões brinca com o paradoxo e imprime velocidade às suas imagens. O poeta articula sua longa e variada experiência em termos filosóficos e religiosos correntes da época. Por isso, a lírica de Camões apresenta duas tensões básicas: o Amor e o desconcerto do mundo. O amor camoniano é apoiado pelo interesse do poeta ao movimento neoplatonismo (“corrente doutrinária que se caracterizava pelas teses da absoluta transcendência do ser divino, da emanação e do retorno do mundo a Deus pela interiorização progressiva do homem”), como faria qualquer outro cristão culto do seu tempo.Já o desconcerto do mundo é o desajuste entre as exigências íntimas da vida pessoal do poeta e suas condições para satisfazê-las. O mundo se lhe aparece desconcertado, como se estivesse destinado à confusão e à irracionalidade. Para Camões o problema central não é a injustiça social, mas a relação de não conformidade com os anseios, os valores, as razões e a realidade da vida social e da material. O progresso na Terra está ausente na lira de Camões.
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